Às vezes, penso em abraçar a poesia

Às vezes, penso em abraçar a poesia. Vivê-la sem medo, um compromisso inalienável, comer e respirar. 

Mas, então, me lembro das artes que me dispus a fazer, e fi-las, todas, com desleixo. Lembro-me de minhas devoções às práticas religiosas de meus pais e de como me parecem tão ingênuas aos olhos de hoje. 

Lembro-me, então, das mulheres que amei. E, tão logo, me lembro de você. 

Sinceramente, estou cansado. Cansado de manifestar meu eu em todas as mídias, em todos os espectros. Cansado da fumaça, da terra e do leite. 

Estou cansado por mim, mas também pelos meus. Pelos que passam fome, pelos que agem sem pensar. Cansado do sublime e da violência. 

"Por amor às causas perdidas", por amor às causas pagãs. 

À destra de São Patrício, venho declarar que já não cortejo a vida plena como antes. 

E um poeta que, diligentemente, não ama a vida põe em xeque a graça de Deus.

Comentários