Muito pouco
Veja, é muito pouco.
Estive pensando em mim mesmo. Sobre o que penso, pouco sei. Sei que pouco me importam os cantos lamuriosos, as paisagens envelhecidas, retas, mesmo as descobertas, mesmo as vingadas em carne contumaz.
Houve prata e madeira na memória antes entoada nestes portões, mas sobremaneira estimadas.
Por muito pouco, vendera a honra de um sentimento gentil, regado a paciência e carinho em terra arenosa.
Por muito pouco, trocara o acalanto das minhas batidas para ter com outros um afeto desritmado.
Deixou-me só muito antes de decidir ir embora, mas muito pouco importa. Muito importam as listras vermelhas, muito importam as doses de luar. É de suma importância, outra vez, olhar para a Lua e se reconciliar. Saber apontar cada impacto sobre o pó estéril e elegê-las, as marcas, reis e rainhas da História.
Alegrar-se, cantar e acordar.
Mesmo assim, é preciso cautela.
Mesmo assim, ainda é muito pouco.
Comentários
Postar um comentário