Coisas que existem

Desde pequeno, observo as coisas. Observo coisas que existem e que não existem, coisas que existem só pra mim. Observo também as coisas que não se mexem, as que mudam - algumas, mudam bastante - e as que permanecem as mesmas, mesmo depois de muito tempo; coisas sem cor, coisas sem cheiro e, ainda, coisas que não fazem sentido. 

Às vezes, observo pessoas. Observar pessoas é fascinante, mas é complicado. Não raro, me pergunto como algumas pessoas conseguem existir tantas vezes em uma única vida. Como conseguem respirar o mesmo ar todos os dias? E as estradas por onde passam, os horizontes para onde apontam os dedos? Ou será que mudam os ares, mudam os horizontes? Mudam também os interiores das casas e os cheiros sobre o bigode? 

Pensar nas pessoas sempre coloca um "s" na minha testa, que contesta, sempre esta, a fulgura do querer. Não sei dizer quais pessoas realmente conheci, ou por onde andam as que conhecerei ainda nesta cidade. Mas não me furto de imaginar... Algum dia, hei de observar, sobretudo, a cor de seus olhos.

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